Fico pensando: se nada do que faço adianta alguma coisa, por que ainda faço?
Se tudo o que eu faço acaba remetendo à você de um jeito ou de outro, por que ainda faço?
São coisas bacanas que acontecem, mas tudo perece enquanto você perdura.
São borboletas que voam com a sua beleza e morrem após uma semana, enquanto você é um jabuti que, mesmo passando despercebida dos olhos sequiosos por beleza, dura tanto e tanto tempo.
"Deve-se cuidar do jardim para que as borboletas venham".
Meu jardim está abandonado.
Não há irrigação alguma de felicidade, não há fotossíntese e o meu acúmulo de atitudes insensatas cresce como erva daninha. Não sei como e porque ele atrai borboletas.
Quero atrair o Jabuti e uso as minhas palavras para tal finalidade; um abundante engodo - que não dá resultado algum, pois o jabuti dá meia volta quando está bem perto de morder a isca.
Qual é a sua, Jabuti?
Eu extraio o que há de melhor do meu jardim pra te oferecer e você vem, devagar, comendo pelas beiradas e quando penso que fui bem sucedido no meu intento, você desaparece, deixando o que lhe foi oferecido apodrecendo enquanto as moscas zunem em volta, cultuando o desperdício de esforços que fiz.
Fiz!?
Eu dou risada! Fiz!? HAHAHAHA
Mergulhar em neuras, endeusar um fantasma, declamar poesias para os gatos vadios da noite e escrever apaixonados sonetos medíocres com canetas que falham em papéis que depois enrolo e fumo o que vai me deixar mais piegas e nostálgico do que o normal, é fazer alguma coisa?
Eu sou uma piada sem graça, fora de todo e qualquer contexto. Sou o leite derramado pelo qual choram sem ter o mínimo de tato por mim, que fervi e fervo no caldeirão da loucura que muitos dariam a alma para ser a causa enquanto você, a Loucura, me dá dois dedos de esperança e três palmos de deltóides, trapézios e rombóides.
Palavras não são suficientes pra você. Atitudes, são?
Palavras não são? Ah, como não?
Quer algo mais intrínseco do que palavras derramadas com toda a fúria e pureza do espírito de quem as escreve?
Você quer olho no olho, tête-à-tête, quer? Tudo bem, só dê-me a oportunidade e prepare-se para olhar dentro do olho do furacão; sim, esteja preparada e verá, sentirá; sentirá que nenhuma palavra precisará ser proferida.
Mas você não tem coragem de enfrentar as conseqüências do que, sem querer, causa. Por quê?
Medo!?
É medo?
MEDO do quê?
Não precisa ter medo pois o máximo que eu posso fazer de ruim é te decepcionar. Mas essa é só uma possibilidade entre mil outras e é a que menos acho passível de ocorrer, já que eu quero tanto e tanto e tanto! E, decepção por decepção, se assim o for, será só mais uma e não vai fazer mais do que um arranhão na sua carapaça de indiferença.
Me diga: até quando viver sob o véu da precaução, privando-se de coisas plenas, revigorantes, perfumadas e extasiantes por medo do desconhecido - que nem é tão desconhecido assim, já que estamos fadados a existir sob o peso do eterno retorno - que, com certeza, reaparecerá na sua vida na forma de outro homem - ou mulher - e até mesmo em você mesma?
Que confusão!
Tem hora que eu paro e penso e acho que o tresloucado da história sou eu, que gasto tanto tempo, energia e massa encefálica com as elucubrações acerca desse assunto que, puta que o pariu, parece que não tem ponto final!
Você tem as cartas na manga.
Você tem a minha disposição, as minhas palavras, o meu silêncio.
Tem a minha vaidade e a minha autodepreciação.
Você tem meu descontrole.
Tem um vestígio ou outro em centenas de textos e poesias enquanto é a própria musa inspiradora em dezenas de outros textos e poesias.
Eu sei o que eu quero. Você sabe o que pode. Eu quero tentar. Você não sabe o que quer. Eu não sei o que eu quero e você não quer tentar.
Meus braços estão fracos, minha mente está cansada. Eu estou ficando louco! Olha, sei que posso me arrepender ou mesmo voltar atrás com o que vou falar agora: essas são as minhas últimas palavras pra você e é por isso que assinei meu nome com sangue.
É uma outra parte de mim que lhe envio em meio a esses hieróglifos: a física. Com as palavras e o meu sangue eu lhe estendo a minha mão. Como é, vai pegar e tentar ou morrer na dúvida?
Eu tentei. Não fiz, mas tentei fazer.
E você?
Alkaline Trio - Emma
É sempre bonito o que escreve.
ResponderExcluirDeve ser porque tem VIDA.
Aê, man! Tô te seguindo agora. E, em parceria com outros caras, escrevo no blog: totolunatico.blogspot.com - se der, me segue nesse também; e a gente te segue por lá. Abraço!
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