segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Decepção Transvalorada

Já não é de surpreender que eu me surpreenda com a decepção. Porque há algo aqui dentro que ainda pulsa pela necessidade de algum tipo de verdade vinda de fora.

Ilusões, mentiras, embustes.

Permito que as palavras entrem nos meus ouvidos ou nos meus olhos, caminhem na minha cabeça e se instalem no meu cérebro como uma bala perdida. Um projétil Dundum, devo ressaltar. Já dentro do meu cérebro, a idéia permanece. E vai apodrecendo conforme as atitudes afirmadas dentro de um determinado contexto vão se esvaindo e perdendo o sentido. Quando, por fim, um ideal auto-imposto (e exposto) foi traído, a ferida que tomou origem na minha cabeça se espalha pelo meu corpo. Afeta a minha fala, afeta a minha visão. Tartamudez e visão turva são normais. Ausência de sentidos sensoriais e depois a ausência do sentido, quando a ferida alcança o coração.

Leviandade, frivolidade, temperamentalismos.

Todas moedas do mesmo valor colocadas no mesmo bolso. Todas dando a entender algo íntegro, derradeiro, concreto. Moedas falsas. Moedas lapidadas no fundo do quintal de um subconsciente afetado. De um subconsciente frágil, que fia-se a valores vazios. Moedas que não podem comprar o que se quer.


 Moedas que não compram o meu amor por você.


The (International) Noise Conspiracy - Up For Sale
The (International) Noise Conspiracy - Capitalism Stole My Virginity

domingo, 16 de janeiro de 2011

Throwing Up Soul


Tristeza? Não! Mágoa com os outros? Não! Um pouco de revolta com os outros, talvez, mas não é algo que gera tais vontades de fora pra dentro e sim o inverso. É compreensível o porquê de eles desistirem. É o vislumbre e a compreensão da própria e perpétua inutilidade que acaba com o interior, que é o cerne da negação e, posteriomente, da desistência. E a ciência de ter uma essência imutável e negativa, algo que não pode ser alterado, algo que só vai gerar os mesmos erros sempre e sempre. O que vem de fora parece não atingi-los. O problema não são os outros. O problema é o problema que eles SÃO para os outros e principal e crucialmente para eles mesmos. Quando eu toco no assunto as pessoas ficam meio suspeitas pra falar sobre. Eu falo sobre, eu penso sobre. Estudo sobre. Diabos, como posso querer continuar sabendo que "a minha maior virtude é a ciência de cometer o mesmo erro sempre?" - como diz a música da banda O Inimigo. Que diabo de puta que o pariu de vida sem sentido é essa? É só isso mesmo? Nascer, trabalhar, dar risada, procriar, sofrer, sofrer de novo, comprar, pular, nadar, rir de novo pra depois de tudo isso morrer e ser esquecido? Por que eu não posso usufruir de tudo que está em volta? Por que a gente tem que nascer com uma inteligência elevada - e revertê-la na transformação de rios de dinheiro - ou simplesmente com a sorte de nascer em berço de ouro para conseguir tudo isso? Por que temos que ser consumidos por sonhos que são socados em nosso rabo quando pequenos e ralar o cu na ostra muitas vezes a vida inteira pra conseguir realizar um ou outro que são sonhos secundários, gerados pelo contentamento da ciência do que podemos alcançar ou não? Por que simplesmente não saímos flutuando de um lugar pro outro sem ter que pagar nada? Por que eu tenho que agradecer por uma coisa que eu não pedi pra ter, que tenho que me foder pra manter, pra alguém que eu e nem ninguém nunca viu? Eu também não suporto não saber! Quero uma explicação pra tudo isso e ela nunca vem. "Carpe diem" é o meu cu virado do avesso. Hoje fui praticamente ameaçado de morte com um olhar de um cretino mal encarado só porque sem querer pisei no pé do infeliz. Como posso "Carpe Diem" se um balanço do ônibus coloca a minha vida em risco? Eu começo falando isso sobre tirar a própria vida, a PRÓPRIA VIDA, no entanto, ah, no entanto se eu tenho alma, eu senti ela se mexendo dentro do meu corpo, sabe?, um trimilique de medo, ela com medo de perder seu invólucro... Será? Quero entender e não entendo. Não vou entender... Esse teclado é o dedo dentro da minha garganta. Esse bloco de notas é a minha latrina. Vomito. Esse é o meu vômito, as minhas vísceras, os tesouros da minha alma medrosa expostos aqui para a fermentação do tempo, no tempo. E fugi do escopo que me trouxe até aqui... Merda!

08/01/2011